Você sabia que as doenças hepáticas podem prejudicar as funções dos rins?
19 de Julho de 2024
19 de Julho de 2024
O mês de julho é dedicado às ações de conscientização sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e do tratamento das hepatites virais. “Além de alertar sobre a doença propriamente dita, também é importante falar sobre seus desdobramentos, uma vez que a patologia que causa inflamação no fígado também pode acarretar sérios problemas nos rins”, ressalta a médica Vivianne Pinheiro, nefrologista da Uninefron.
Vivianne Pinheiro explica que quadros de hepatites virais podem alterar a função renal, e tanto a doença hepática aguda quanto a crônica podem causar injúria renal. “A insuficiência renal aguda pode se desenvolver em 6 a 8% dos pacientes com hepatite A e menos comumente apresentar glomerulonefrite. Já os portadores de hepatite B e de hepatite C crônica podem apresentar uma ampla variedade de comprometimento renal, podendo se associar ao desenvolvimento de vários tipos de glomerulopatias, que consistem na inflamação de uma região do rim conhecida como glomérulo”, completa ela.
Para evitar maiores complicações e contribuir para que esses problemas não apareçam, Vivianne Pinheiro orienta aos pacientes com diagnóstico de hepatite que, se perceberem alguma alteração na urina, procurem um nefrologista o mais rápido possível para que assim possam receber os cuidados adequados. Pacientes com hepatite devem ser avaliados com exame de urina, em busca da presença de proteína e sangue, além da avaliação da função renal através do exame da creatinina. A biópsia renal pode ser considerada em situações de proteinúria, hematúria e perda de função”, garante a médica.
Síndrome hepatorrenal
Além das hepatites virais, a cirrose e a insuficiência hepática fulminante podem causar a chamada síndrome hepatorrenal (SHR). Nessa síndrome, a hipertensão portal é o principal fator envolvido nas alterações hemodinâmicas e na perda da função renal. Ocorrem uma redução no fluxo sanguíneo renal e a insuficiência renal por importante vasoconstrição renal. “Então, ocorre um aumento progressivo da creatinina e a redução do volume urinário. O declínio da função renal pode ser rápido ou lento e, baseada nessa evolução, é descrito de duas formas: tipo 1, mais aguda, com evolução, geralmente, de menos de duas semanas; e tipo 2, que tem uma evolução mais lenta e menos severa”, explica Vivianne Pinheiro.
Ainda de acordo com a nefrologista, a SHR tipo 1 é caracterizada por um rápido declínio na função renal que ocorre em pacientes com descompensação aguda de cirrose avançada ou falência hepática aguda. A terapia ideal para síndrome hepatorrenal é a melhora da função hepática através da melhora da hepatite alcoólica, tratamento da hepatite viral, recuperação da falência hepática aguda ou transplante de fígado.
“O acompanhamento médico, multidisciplinar, além da adoção de hábitos saudáveis, como a prática regular de atividade física e uma alimentação balanceada, são o melhor caminho a ser seguido por todas as pessoas. Para finalizar, um lembrete importante: as hepatites A e B podem ser prevenidas através de vacina”, destaca a nefrologista da Uninefron, Vivianne Pinheiro.