Nefrologista explica sobre os cuidados paliativos na doença renal crônica
03 de Junho de 2024O conceito de ‘cuidados paliativos’ foi, durante muito tempo, utilizado equivocadamente, como se fossem medidas tomadas nos últimos momentos da vida de uma pessoa, quando não há mais cura possível para a sua doença. No entanto, não é bem assim. De acordo com o médico Flávio Galindo, nefrologista da Uninefron, na verdade, o cuidado paliativo é uma abordagem que visa melhorar a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, ou que sejam crônicas.
São ações e procedimentos que buscam aliviar o sofrimento, através do tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual, para a preservação da dignidade humana. “Observando por esse prisma, é bom que se diga que os pacientes com doença renal crônica podem se beneficiar significativamente dessa forma de cuidado”, garante ele.
Pesquisas apontam que, no mundo todo, anualmente, 56,8 milhões de pessoas precisam de cuidados paliativos. A maior parte delas (67,1%) tem mais de 50 anos e 7% são crianças. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar da alta necessidade, apenas 14% dos pacientes são atendidos. Isso representa mais de 48 milhões de doentes desassistidos.
O médico Flávio Galindo acrescenta a esses números a incidência e a prevalência de diálise em pacientes acima de 75 anos. “Para essa parcela da população, com DRC avançada, e que apresentam comorbidades, fragilidade ou demência grave, o tratamento de cuidados paliativos se tornou uma importante alternativa”, relata.
O que são os cuidados paliativos em nefrologia?
Segundo Flávio Galindo, pacientes com doença renal crônica (DRC) apresentam diversos sintomas físicos que impactam negativamente na qualidade de vida, como cansaço, dor, prurido (coceira na pele), falta de apetite e distúrbios do sono. “Para aliviar esses e outros efeitos negativos, à medida que a doença vai progredindo, o foco do cuidado se torna a promoção da qualidade de vida, não apenas a sobrevida”, destaca o médico.
Esse cuidado envolve diversas condutas. “Entre elas, o manejo dos sintomas com avaliações regulares, avaliação prognóstica, comunicação constante com o paciente, planejamento das condutas terapêuticas, diálise centrada no paciente, com personalização e promoção do tratamento com respeito e compaixão, baseando-se nos valores estabelecidos por ele, diálise paliativa, com o intuito de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. e suspensão da diálise, se necessário”, esclarece Flávio Galindo.
Para finalizar, o médico destaca a importância da comunicação constante entre a equipe multiprofissional, o paciente e os familiares, para que todas as decisões sejam tomadas com a ciência e a concordância dos envolvidos no processo, principalmente o paciente. “Além disso, ele alerta para a falta de conhecimento sobre a abordagem e a existência de uma lacuna entre a teoria e a prática em nefrologia. É preciso promover a conscientização, a educação e os treinamentos em cuidados paliativos”, concluiu Flávio Galindo, nefrologista da Uninefron.