“Pessoas sadias toleram essa alteração sem maiores complicações. O problema ocorre naqueles que têm insuficiência renal (principalmente em fases avançadas) e que já apresentam a filtração renal de base diminuída. Esse grupo apresenta grande risco de falência renal aguda e, muitas vezes, necessita de hemodiálise de urgência”, explica Flávio Galindo.  Ele acrescenta ainda que, mesmo o uso ocasional de AINE, pode provocar lesão renal aguda em pessoas com doença renal crônica. Não existe dose ou duração de tratamento segura para esses pacientes. O medicamento deve ser evitado. 

A apresentação clínica da lesão renal aguda, em decorrência do uso dos AINE, varia desde quadros assintomáticos até situações graves com necessidade de internação e início de terapia dialítica. “Nos casos de lesão renal aguda grave, em que o comprometimento renal é tão intenso a ponto de haver necessidade de diálise, pode haver náuseas, vômitos, falta de apetite, falta de ar, edema, hipertensão e interrupção da produção de urina, chamada de anúria”, disse Flávio Galindo. 

Ainda de acordo com Flávio Galindo, na maior parte dos casos, o diagnóstico é realizado através de exames de sangue, análise da história clínica, uso recente de AINE associado a fatores de risco para desenvolvimento de doença renal. “A ultrassonografia dos rins também pode ser feita para ajudar a excluir outras causas de lesão renal aguda como obstrução ao fluxo de urina por cálculo renal ou aumento do volume da próstata. Para a conclusão definitiva do diagnóstico, pode ser preciso realizar uma biópsia renal”, avalia o nefrologista. 

 

AINEs podem causar até quatro tipos de lesão renal

 

O médico Flávio Galindo explica que existem quatro formas agudas de acometimento dos rins ocasionado pelos AINEs: a lesão renal aguda, que pode geral a falência renal; a nefrite intersticial aguda (NIA), que é um tipo de reação alérgica que atinge os rins, fazendo com que eles deixem de funcionar normalmente; e a síndrome nefrótica, com perda de proteínas pela urina. “Além disso, os anti-inflamatórios interferem na eliminação de potássio pelos rins, o que provoca aumento do nível de potássio no sangue, quadro chamado de hipercalemia. Esse aumento pode atingir níveis significativos com consequências graves, como arritmias cardíacas”, garante. 

O nefrologista ressalta que a única forma de tratamento para reverter os efeitos negativos dos anti-inflamatórios nos rins é a suspensão imediata da medicação. “Em alguns pacientes, os danos já são irreversíveis, por isso é tão importante evitar a automedicação e seguir todas as orientações médicas”, alerta o nefrologista Flávio Galindo, da Uninefron.