“Os cistos podem ser herdados ou adquiridos, podendo se apresentar em faixas etárias diversas e ser únicos ou múltiplos. A presença de cistos renais pode, sim, estar associada a doenças graves que podem comprometer a função renal. Porém, na maioria das vezes, essas formações são benignas, ou seja, são cistos simples e que raramente podem evoluir para uma complicação mais preocupante”, relatou Vivianne Pinheiro.

Segundo a médica, os cistos simples são a lesão renal cística adquirida mais comum, raro em crianças e ocorre aumento da incidência com a idade, mas geralmente não causam sintomas e não precisam de tratamento, apenas requerendo acompanhamento periódico. podem surgir de um lado ou dos dois, serem único ou múltiplos. “Geralmente, os cistos benignos não apresentam sintomas, e a grande maioria das pessoas não sabe que possui essas formações, até que as encontre em um exame de imagem abdominal. Os cistos de tamanho maiores ou que causam dor podem ser drenados por meio de cirurgia ou punção guiada por ultrassom ou tomografia”, explica.

No caso da doença renal policística autossômica dominante (DRPAD), Vivianne Pinheiro explica que é hereditária e causada por mutação gênica, e a formação de cistos renais pode aumentar gradualmente e atingir ambos os rins, com uma progressão para insuficiência renal. De acordo com os exames de ultrassom, são considerados possíveis portadores de DRPAD os pacientes entre 15 e 39 anos, com presença de pelo menos três cistos renais, em um ou nos dois rins; entre 40 e 59 anos, com pelo menos dois cistos em cada rim; e com idade acima de 60 anos, com a presença de pelo menos quatro cistos em cada rim. A DRPAD apresenta-se com manifestações renais e extrarrenais sendo a hipertensão e cistos hepáticos as principais manifestação não renais da doença.

 

Cistos renais complexos podem ser malignos e requerem mais atenção

 

A médica Vivianne Pinheiro ressalta que os casos de cistos renais complexos devem ser acompanhados com atenção pelo paciente. “diante do aumento da incidência de câncer renal ao longo dos últimos 30 anos, o foco principal na avaliação de um cisto complexo é descartar malignidade. Diferentemente do cisto simples, nesses casos, usamos o exame padrão-ouro que é a tomografia com contraste. nela, o aspecto do cisto, como a presença de calcificações e septos, é usado para classificar e definir o risco de a lesão ser maligna, chamado de classificação de Bosniak.”, alerta.

No caso de cistos complexos com chance de serem neoplásicos, - continua a médica - o tratamento consiste, na ampla maioria dos casos, na remoção via cirurgia, que resulta em alta chance de cura. É importante fazer uma avaliação adequada e discutir as possibilidades do tratamento com a equipe de nefrologia e urologia.

“Diferente e do que as pessoas pensam, o tamanho do cisto não interfere no risco de ele ser benigno ou maligno. Para saber isso, é preciso analisar as características da lesão cística e em qual classe de Bosniak ele se enquadra”, completa a médica Vivianne Pinheiro, nefrologista da Uninefron.