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Na doença renal, o distúrbio do sono é comum?

09 de Agosto de 2022

Ter uma noite de sono conturbado pode desafiar os sistemas do corpo a manter o equilíbrio funcional, prejudicando a saúde de vários órgãos, inclusive dos rins. De acordo com o médico Mário Henriques, nefrologista da Uninefron, a alteração do sono é comum no mundo atual e pode resultar de vários fatores, incluindo demanda do trabalho, condições médicas e desordens específicas do sono. “Dormir pouco pode reduzir a performance laboral, aumentar o risco de acidentes e culminar com danos psicológicos e orgânicos, como problemas de cognição, fatores de risco cardiovascular (hipertensão arterial sistêmica e doença coronariana) e renal.  O sono é composto por duas dimensões: tempo (quantidade) e profundidade (qualidade), ambas podem ser alteradas e trazer prejuízos ao indivíduo”, lembra o médico.

 
Ainda de acordo com o nefrologista, “o sono pode variar entre os indivíduos, podendo perdurar por 6 a 8 horas, porém encontraremos pessoas com sono de duração menor que 6 horas ou maior que 10 horas; sendo importante que, após este período, haja a sensação reparadora e suficiente para não causar sonolência e fadiga durante o dia.  A insônia é um dos sintomas mais frequentes na prática clínica, tendo a prevalência aumentada no idoso, no gênero feminino e nos portadores de antecedente familiar deste distúrbio. Nas doenças crônicas, a incidência de insônia chega a 40%, bem maior que na população saudável, que corresponde a 8%. Entre as doenças crônicas, temos a doença renal crônica”, garante Mário Henriques.
 
“No portador de doença renal, o distúrbio do sono pode decorrer de alguns fatores como a síndrome das pernas inquietas, noctúria (número aumentado de micções noturnas), apneia do sono e alterações metabólicas, como o nível elevado de ureia no sangue e a hipercalcemia, prurido urêmico, dores ósseas; além do uso de medicamentos que podem interferir no ciclo sono-vigília. Estudos mostram alterações de neuropeptídeos que atuam no cérebro (melatonina e orexina), os quais podem estar envolvidos na origem da insônia”, esclarece Mário Henriques.
 
O tratamento da insônia é semelhante tanto no portador de doença renal como no indivíduo saudável. “É preciso seguir as orientações para a higiene do sono, afastando dispositivos eletrônicos, luz excessiva e preservando o silêncio, além de medicações específicas, quando indicado. Nos pacientes que realizam terapia de substituição renal (hemodiálise, diálise peritoneal), uma indicação seria a intensificação do tratamento e o controle de sintomas que prejudicam o sono, como o prurido e a síndrome das pernas inquietas”, assegura o especialista.
 
Efeito contrário também é um problema para saúde
 
“Na doença renal, também podemos encontrar o contrário da insônia, caracterizando-se por sonolência excessiva, muitas das vezes como consequência por noites mal dormidas, toxinas urêmicas ou medicamentos, prejudicando o estado cognitivo e laboral do paciente e reduzindo a sua qualidade de vida”, ressalta Mário Henriques.
 
O nefrologista ainda alerta que alterações do sono, seja insônia ou sonolência excessiva, trazem desconforto e aumentam a morbidade, sendo necessário acompanhamento em conjunto com neurologista ou psiquiatra para controle do distúrbio, assim promovendo melhor qualidade de vida para o paciente”, finalizou o nefrologista Mário Henriques, da Uninefron.

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