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Cirurgia pediátrica rara de reconstituição de bexiga e do trato geniturinário pelo SUS é realizada no Hospital Maria Lucinda

04 de Julho de 2022

O Hospital Maria Lucinda realizou, neste sábado (2), uma delicada cirurgia pediátrica de reconstituição de bexiga e de órgãos do sistema reprodutivo e urinário. A cirurgia faz parte do XLIV – Encontro Grupo Brasileiro Multi-institucional para Tratamento da Extrofia de Bexiga pela Técnica de Kelly, e foi realizada por uma equipe composta por médicos de vários estados do país. Esta foi a segunda cirurgia do tipo realizada pelo grupo em Pernambuco.

O procedimento durou mais de 10 horas e foi realizado no bloco cirúrgico do hospital, sendo transmitido ao vivo por vídeo para os médicos participantes, que acompanharam a cirurgia em tempo real. O superintendente-geral do Hospital Maria Lucinda, o urologista pediátrico Luiz Alberto Araújo, que faz parte do grupo e acompanhou a cirurgia, afirmou que o procedimento foi um sucesso.
A equipe responsável pela cirurgia foi composta por médicos de diversos estados do país, como São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e Mato Grosso. O grupo é coordenado pelo urologista pediátrico Nicanor Macêdo, do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle Rio de Janeiro, que estava acompanhado do superintendente-geral Luiz Alberto Araújo, médico responsável pela coordenação local do evento.
O paciente é um menino de 1 ano e 9 meses, morador do Recife, que nasceu com uma anomalia congênita rara, que se caracteriza por má formação da região inferior da parede abdominal, envolvendo o trato geniturinário. Ele recebe acompanhamento no Hospital Maria Lucinda desde o seu nascimento.
A doença, considerada rara, acomete 1 em cada 50 mil nascidos e deixa a bexiga completamente exposta, com grave defeito na região inferior da parede abdominal, envolvendo o trato geniturinário e a bacia. Segundo o médico Nicanor Macêdo, a cirurgia é extensa, pois é realizada em várias estruturas do organismo. “É uma cirurgia reconstrutora. A gente vai, literalmente, reconstruir as estruturas do trato urogenital e, em alguns casos, do trato intestinal. Por isso, temos que trabalhar minuciosamente em cada estrutura para que elas fiquem anatômica e funcionalmente o melhor possível” explicou.
O superintendente-geral do Hospital Maria Lucinda, responsável pela coordenação local do evento, falou: “O Maria Lucinda é um hospital que, desde sua origem, foi dedicado à criança. E ao longo dos anos, a gente vem se mantendo nessa tradição. A principal missão do hospital é o atendimento à criança, sobretudo à criança carente. Fazer uma cirurgia desta natureza é justificar à sociedade os objetivos originais deste hospital”, disse Luiz Alberto Araújo.
Grupo especializado
A extrofia de bexiga é uma doença que pode acarretar perda da urina, uma vez que o paciente não tem nenhum mecanismo de continência, além de ter a genitália completamente aberta. De acordo com os médicos, o pós-operatório exige muitos cuidados, segurança e expertise. “O procedimento cirúrgico precoce faz a diferença na vida dessas crianças porque socializa e dá melhor qualidade de vida”, ressaltou Nicanor Macêdo.
Diante da complexidade do procedimento e da raridade dos casos de extrofia, foi criado o Encontro Grupo Brasileiro Multi-institucional para Tratamento da Extrofia de Bexiga pela Técnica de Kelly, formado há 3 anos e meio por cirurgiões, neurologistas e pediatras de várias capitais brasileiras. “A intenção era formar um grupo de estudos e compartilhamento da técnica por cirurgiões de todo o país. O grupo é itinerante, vai até a cidade onde há crianças para o procedimento e, enquanto a equipe local opera junto comigo, os demais assistem, por transmissão ao vivo, em uma sala próxima”, explicou Nicanor Macêdo.
“Com a iniciativa – continua o especialista –, conseguimos ampliar o número de procedimentos, uma vez que, realizando essas cirurgias isoladamente, atingiríamos poucas crianças. Nesse período, já acumulamos 30 casos, com mais de 11 cirurgias realizadas em sete estados”, finalizou o médico Nicanor Macêdo.
Luiz Alberto Araújo confirmou a necessidade de crescimento do quantitativo dessas cirurgias. “Como é uma doença rara, existe um quantitativo reprimido de pacientes que estão aguardando o procedimento. Além disso, nascem de 6 a 10 novos casos todos os anos. Então, há uma necessidade de se ter uma abrangência maior para poder dar conta desse quantitativo, e é isso que estamos buscando”, disse o superintendente-geral do Maria Lucinda.

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