Nefrologista alerta para a obesidade e a associação com os riscos de doenças renais
23 de Novembro de 2021
A maioria da população brasileira está com excesso de peso. São 60,3% dos adultos (96 milhões) lidando com o número na balança acima do recomendado, e 25,9% (41,9 milhões) numa condição mais preocupante, a de obesidade. Os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS/2019) são críticos. Afinal, a obesidade é uma questão alarmante de saúde pública – inclusive, é considerada pela ONU como epidemia – e responsável por diversas doenças e debilidades, entre elas, as renais. Em alusão ao Dia Mundial da Obesidade e ao Dia Nacional de Prevenção da Obesidade, que ocorreram recentemente, a nefrologista Ângela Santos, diretora da Uninefron, fez um alerta. “A obesidade é, de fato, um fator de risco pujante para o desenvolvimento de doença renal”, garante.
“Quando uma pessoa está com excesso de gordura, o corpo como um todo passa a funcionar com mais dificuldade. No caso dos rins, esse aumento da massa corporal já é fator de risco, porque eles precisam trabalhar mais para filtrar o sangue, o que pode sobrecarregá-los”, afirma a nefrologista.
Outro agravante é a associação da obesidade com outras doenças. “O sobrepeso pode desencadear ou agravar diabetes e hipertensão, principais causas da insuficiência renal”, afirma Ângela Santos. “Caso não sejam devidamente tratadas, essas doenças prejudicam diretamente o bom funcionamento dos rins, abrindo as portas para a doença renal crônica”.
Quando há um desequilíbrio da pressão arterial e da diabetes, ocorre a aterosclerose (formação de placas de gordura capazes de atrapalhar o fluxo de sangue nas artérias). Com a artéria renal comprometida, há essa sobrecarga nos rins. A própria obesidade também pode levar ao aumento da perda de proteínas pelo rim, ampliando o risco da doença renal crônica.
DE OLHO NA ALIMENTAÇÃO
Excesso de peso naturalmente é consequência de maus hábitos alimentares. E o consumo desenfreado de proteínas e sal potencializa o surgimento de cálculos renais. “É importante ressaltar que, embora haja muitas evidências da associação entre obesidade e doenças renais, nem todo obeso vai desenvolver essas patologias. No entanto, é preciso estar sempre atento à pressão arterial e às taxas glicêmicas, ter uma alimentação balanceada, praticar exercícios físicos de forma regular e fazer outras mudanças para hábitos saudáveis”, explica a nefrologista Ângela Santos.
Caso uma doença renal seja identificada ainda em estágios iniciais, é possível reabilitar as funções dos rins sem a necessidade de tratamentos mais complexos, como diálise ou transplante, apenas investindo na redução da gordura corporal. “A perda de peso já é capaz de reduzir a sobrecarga dos rins”, conclui a diretora da Uninefron.