Blognews

O perigo da automedicação para os pacientes renais

05 de Novembro de 2021

No mundo, estima-se que há cerca de 850 milhões de pessoas com doença renal. A forma crônica, a mais grave, causa mais de dois milhões de mortes, com taxa crescente. Isso porque a população, de maneira geral, tem envelhecido mais e, consequentemente, tem crescido o número de pessoas com diabetes, hipertensão, entre outros comorbidades. Além disso, o médico nefrologista Rafael Pacífico, da Uninefron, alerta para outro problema: o perigo da automedicação para os pacientes renais e outros indivíduos.

De acordo com ele, nos tempos atuais, a dor acomete cada vez mais gente, e a busca por medicamentos e tratamentos por conta própria é elevada. Pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em 2019, por meio do Instituto Datafolha, registrou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros, que usaram medicamentos nos últimos seis meses. Quase metade (47%) se automedica ao menos uma vez por mês, e um quarto (25%) tem essa rotina diária. “Isso é um perigo e para os pacientes renais uma ameaça muito maior, já que os medicamentos direcionados para esse público têm características farmacológicas especiais”, lembra Rafael Pacífico.
“A automedicação pode causar um alívio a curto prazo, mas representa um grande risco. Sem orientação médica ou diagnóstico certo, o paciente pode não só tratar a doença de forma inadequada, como também ter intoxicações, interações medicamentosas, reações alérgicas, resistência ao medicamento e até mesmo dependência”, afirma Pacífico. “Sem falar que determinados medicamentos podem agravar o quadro de alguns pacientes. Ou seja, além de intensificar um problema, pode mascarar algo mais grave”, continua o nefrologista.
A revista Dor, publicação da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor (SBED), publicou artigo recente apresentando uma escolha racional dos analgésicos a serem utilizados em pacientes com função renal deficiente. “O uso de fármacos para o tratamento da dor em pacientes com insuficiência renal apresenta particularidades devido às alterações farmacocinéticas presentes nessa população. O ajuste da terapêutica farmacológica ao comprometimento da função renal é capaz de prover um tratamento eficaz e com menos efeitos adversos”, conclui o texto.
A dor, explica Rafael Pacífico, é um sintoma comum em quase todas as doenças. “Por isso, as pessoas devem procurar assistência médica sempre quando houver uma crise, seja intensa ou crônica. Mesmo os pacientes renais, que já são acompanhados pelo nefrologista, não devem se automedicar no caso de sentir alguma dor, seja leve ou moderada, que não esteja interligada ao tratamento renal. Até mesmo para uma simples dor de cabeça, a medicação para esse grupo requer outros cuidados, pois precisa possuir propriedades analgésicas e antipiréticas compatíveis com a doença”, garante Rafael Pacífico.

Voltar