Em meio à pandemia, sintomas de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti podem ser confundidos com os da Covid-19
17 de Julho de 2020A Secretaria de Saúde do Recife informou que fez três dos quatro levantamentos do Índice de Infestação Rápido para Aedes aegypti deste ano, porque o Ministério da Saúde recomendou a suspensão dos levantamentos devido à pandemia. Outros dois ainda estão previstos para 2020
Segundo a prefeitura, nos primeiros seis meses de 2020, houve uma redução de 83% no número de casos confirmados, em relação ao mesmo período de 2019. São 278 casos de dengue e 65 de chikungunya. No Recife, a área de maior incidência é no bairro do Ibura, periferia da Zona Sul, com 55 casos de dengue e dois de chikungunya.
A prefeitura também informou que outra área com alta incidência de arboviroses é o bairro de Ponto de Parada, na Zona Norte. São nove casos confirmados até o dia 8 de julho, data do último levantamento da Secretaria de Saúde do município.
Na Rua Pedro Velho, todos as famílias de um conjunto residencial de quatro apartamentos tiveram dengue nos meses de maio e junho. Izabelly Soares, professora de educação física, disse que, no apartamento onde mora, ficaram doentes ela, o filho, os dois irmãos dela e a mãe. "Todos tiveram febre alta, que não cedia, dores no corpo, dor de cabeça muito forte durante dois dias ou três", declarou.
o bairro de Água Fria, Zona Norte do Recife, são três casos confirmados pela Secretaria de Saúde do município. Na Rua Nazaré, a confeiteira Anny Flávia teve chikungunya e ainda sente dores fortes nas articulações.
"É muita dor no corpo, você não consegue levantar da cama, aí na sequência vêm as dores nas articulações, é uma coisa bem debilitante, porque doem todas as articulações, ombro, braço, tornozelos, joelho, tudo dói", declarou.
A professora Anna Paula Brito mora num prédio no bairro do Rosarinho, na Zona Norte do Recife. Apesar de não ter jardim, nem água parada dentro do apartamento, ela teve dengue há poucos dias. Ela disse que, no início dos sintomas, pensava que poderia ser o novo coronavírus.
"Como os sintomas lembram os sintomas da Covid-19 eu fiquei bastante preocupada, porque você tem febre, dores no corpo, só que foi evoluindo com sintomas de dengue. Uma das coisas que eu penso é que talvez, como todos estão muito voltados para a pandemia, a gente tenha relaxado um pouco em relação a outras doenças, como a dengue, que é perigosa", disse,
Solange mora no Ibura, na Avenida Doutor Benigno Jordão Vasconcelos. Ela teve chikungunya em 2019 e disse que, este ano, a vizinha também teve essa doença. "Até hoje eu tenho dores nas articulações da mão e do pé. Se eu ficar sentada demais, quando me levanto, minhas pernas doem, eu não consigo. Minha cunhada teve, a esposa do meu sobrinho teve e ficaram com os mesmos sintomas", afirmou.
O infectologista Tomaz Albuquerque afirmou que há um risco de as pessoas confundirem os sintomas da Covid-19 com sintomas de arboviroses.
"Na dengue, por exemplo, os sintomas articulares, manchas no corpo e eventuais sangramentos são mais frequentes. Já na Covid-19, além da febre, os sintomas respiratórios são mais preponderantes. O momento, agora, é de prevenir-se contra as duas situações. Utilização de máscara e lavagem das mãos para a Covid-19 e a eliminação dos criadouros de mosquitos, bom tratamento da água e utilização de repelentes para prevenção das arboviroses", explicou.
De acordo com o prefeito Geraldo Julio (PSB), o combate ao mosquito foi intensificado no Recife, com a contratação de mais 50 agentes de saúde ambiental.
"Mesmo durante a pandemia, o trabalho continuou e chegamos ao menor índice de focos medido numa pesquisa realizada na semana passada, dos últimos quatro anos. O trabalho dos agentes é muito importante e o trabalho da população, que aprendeu a fazer o controle do Aedes aegypti, vai ser muito importante também agora, na etapa de convivência com o coronavírus", afirmou.
Fonte: G1 PE
Fonte: G1 PE